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Revista TecnoAlimentar

Covid-19: Venda de carne fresca aumenta entre 30 a 50% na primeira semana de estado de emergência

A venda de carne fresca, principalmente de aves, aumentou entre 30 a 50% na primeira semana de estado de emergência nacional devido à pandemia covid-19, mas baixou na mesma proporção esta semana, disseram alguns empresários do setor.

Carne

«Os pedidos aumentaram mais de 50% na semana passada, principalmente de carnes de frango, peru e da carne suína. Notou-se muita procura, porque toda a gente foi comprar para duas ou três semanas. Esta semana é ao contrário. Não se vende nada. A mercadoria deve estar nos congeladores das famílias», constatou Xavier Rodrigues, administrador da empresa Lourinho – Conservas de Carne, fundada em 1990 em Vila do Conde, distrito do Porto.

Segundo o administrador da Lourinho, empresa com 60 funcionários e que abastece «talhos, restaurantes e grandes superfícies» em Portugal, as vendas e os pedidos de carne na semana vigente estão até mais baixos, se se comparar a uma semana de negócio normal, sem a existência da pandemia de covid-19.

«Os talhos de rua pediram menos [carnes] e a restauração está a fechar ou a vender muito menos por 'take-away'», justificou, lembrando que «a terceira semana do mês» é sempre um período em que se nota menos vendas.

Na Carnes Landeiro, empresa criada em 1977 no lugar de Landeiro, em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, e que produz charcutaria tradicional, cozidos, fumados e carnes verdes selecionadas, as vendas de carne bovina e suína também aumentaram na semana em que Portugal ficou em estado de emergência devido à pandemia.

Em declarações à Lusa, Hugo Carvalho, administrador da Carnes Landeiro, confirma que registou um aumento de vendas na ordem dos 30%. «Na semana passada houve uma correria às carnes frescas”, mas, por outro lado, esta semana as vendas diminuíram na mesma proporção (30%)», relatou.

As justificações dadas relacionam-se com o facto de as famílias se terem abastecido em demasia e/ou terem gasto mais dinheiro do que o costume e agora estão em poupança explicou Hugo Carvalho, que tem 150 funcionários a trabalhar atualmente na Landeiro.

Na empresa Porminho Alimentação, localizada em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, a produção de fumados derivados do porco está a «laborar a 100%, como normalmente», disse à Lusa Paula Amaral, funcionária administrativa.

Com 200 funcionários a trabalhar por turnos, a Porminho continua a produzir fumados derivados de carne de porco, principalmente “fiambre, chouriço e salpicão” para as grandes superfícies portuguesas, revela a mesma fonte.

Já o administrador do grupo Primor, uma 'holding' de um conjunto de empresas do setor agroalimentar, desde a produção animal até à transformação e comercialização de charcutaria de suíno e aves localizada em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, indicou hoje à Lusa que a empresa continua a funcionar.

«Estamos a trabalhar arduamente para manter os nossos colaboradores (800), os parceiros de negócio e as comunidades onde operamos em segurança durante o surto de coronavírus», disse Amândio Santos, referindo que «as fábricas e instalações permanecem operacionais» e que «os 800 colaboradores, dos quais todos os que reúnem condições estão em teletrabalho, continuam diariamente a garantir a normalidade operacional das três unidades industriais».

Questionado sobre se houve aumento de procura dos produtos que fabricam, Amândio Santos disse que ainda é «muito cedo para quantificar o impacto financeiro do surto» da Covid-19, mas acrescenta que a «situação permanece dinâmica» por causa da «natureza de rápida evolução da crise do coronavírus».

«Esta é uma situação de emergência e a nossa prioridade é continuar a fornecer sob condições difíceis. Estamos comprometidos em garantir a continuidade da produção e das entregas dos nossos alimentos para os consumidores em Portugal e para os países para onde exportamos. Para o conseguirmos, continuamos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros da cadeia de fornecimentos, distribuição e retalho», concluiu.