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Revista TecnoAlimentar

Consumo de leite baixou um milhão de litros por mês

Indústria aponta o dedo a moda sem fundamento científica e avança com campanha.

O consumo de leite em Portugal está a baixar desde 2008 e, nos últimos dois anos, caiu «bruscamente».

Em 2016, foram vendidos mensalmente 36,8 milhões de litros.

Em 2017, o número baixou para 35,5 milhões, ou seja, menos um milhão de litros por mês.

A tendência de queda no consumo verifica-se em toda a Europa, mas é maior em Portugal. A queda regista-se em todos os produtos lácteos, mas é maior no leite.

De tal forma que a Associação Nacional da Indústria dos Laticínios (ANIL) avançou com uma iniciativa de alerta «para as campanhas difamatórias do leite sem fundamentação científica».

«Sobretudo entre as faixas etárias mais jovens, há cada vez mais pessoas que não consomem produtos de origem animal e há também várias 'modas' que, talvez por uma questão de marketing, estão a demonizar os laticínios», afirmou Paulo Leite, diretor da ANIL.

«Queremos recordar os consumidores de que o leite é um alimento rico em proteína, cálcio e vitaminas e que está a ser estigmatizado por causa das contradições que existem quanto ao seu consumo e que não devem alinhar em dietas ou regimes alimentares que excluam os laticínios», frisou.

Vendas baixaram 11% em 2016

Em termos financeiros, as empresas de laticínios sofreram uma quebra nas contas. Em 2015, o leite representou uma fa turação de 287,9 milhões de euros. Em 2016, as vendas baixaram para 257,4 milhões (menos 11% do que no ano anterior) e, em 2017, o valor total rondará os 256 milhões de euros.

«Estamos preocupados com a saúde e os hábitos alimentares dos portugueses», explicou Paulo Leite, não escamoteando que a quebra no consumo, «obviamente se reflete na indústria».

Paulo Leite acredita, contudo, que «o consumidor português é um consumidor informado, que toma decisões conscientes sobre a sua alimentação e que não vai aderir a campanhas difamatórias e sem fundamentação científica robusta».

Para a ANIL, o decréscimo no consumo não representa uma mudança de hábitos alimentares, mas «apenas uma moda ou uma tendência» que, nos últimos anos, é sentida por todas as empresas de laticínios.

Maior queda entre 2012 e 2016

Com base nos números disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística da balança alimentar portuguesa (BAP), verifica-se que até 2003 o consumo de produtos lácteos aumentou todos os anos. Entre 2008 e 2012, pela primeira vez no registo do consumo em Portugal, houve uma redução de 4%.

A maior queda aconteceu entre 2012 e 2016: em todos os alimentos feitos com leite, o consumo baixou 9,3%. A BAP mede o consumo alimentar do ponto de vista da oferta ou disponibilidade de alimentos no mercado. Ou seja, apesar de existirem produtos lácteos nos supermercados, os consumidores optaram por não comprar, reduzindo o consumo em quase 10%.

Para «inverter tendências», os empresários do setor decidiram disponibilizar nos locais de venda folhetos com informações «científicas».

«A ciência demonstra que para uma alimentação saudável e equilibrada, os laticínios devem representar 18% da pirâmide alimentar, o que corresponde entre duas a três porções diárias entre leite, queijo e iogurte», salientou o responsável pela ANIL.

Entre as várias medidas concretas que os empresários pretendem realizar para acabar com o que dizem ser uma «campanha difamatória e sem fundamentação científica», querem impedir que «bebidas de soja, amêndoa ou arroz» sejam associadas à palavra "leite" e que, nos espaços comerciais, deixem de estar disponíveis nas prateleiras contíguas às do leite.

Apenas nas pessoas que são intolerantes à lactose. É preciso muito cuidado com as dietas da moda, porque podem privar o organismo de bens essenciais. As bebidas de soja, arroz, amêndoa e afins não são leite. São bebidas que até podem ser ricas em nutrientes, mas que ninguém as confunda com leite.

Fonte: Jornal de Noticias