Centro de Formação promove a Agroecologia na CPLP
Fortalecer a agricultura familiar com base nos conceitos da Agroecologia é a solução apontada pela sociedade civil, governos locais e organizações internacionais para combater a fome e a pobreza na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e alcançar, assim, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 (ODS 2) até 2030. O evento de lançamento do Centro de Competências para a Agricultura Familiar Sustentável (CCAFS), realizado na passada terça-feira (7/4), concretizou uma ação conjunta estratégica de criação de uma rede de cooperação no espaço da CPLP para a construção de sistemas alimentares sustentáveis, resilientes e justos.
O evento teve lugar em São Tomé e Príncipe e foi transmitido em direto com a participação do Ministro da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural de São Tomé e Príncipe, Francisco Ramos; do Secretário Executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles; do Coordenador Sub-Regional da FAO para a África Central e Representante para Gabão e São Tomé e Príncipe, Hélder Muteia; da Presidente da ACTUAR, Júlia Alves; e da Oficial de Agricultura NSP/FAO, Emma Siliprandi. O evento foi moderado pelo Coordenador local do Projeto, Emílio Lima.
O Ministro da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural de São Tomé e Príncipe, Francisco dos Ramos, abriu o evento destacando que para ultrapassar o efeito desta pandemia causada pela Covid-19, é preciso uma mudança de paradigma baseada na Agroecologia como o centro para o desenvolvimento sustentável na região: «Tenho grande satisfação por termos conseguido juntos este grande sonho que é a criação do CCAFS com vocação para a agricultura familiar. Graças ao esforço coletivo, teremos a oportunidade de assistir à primeira formação de formadores em agroecologia nos países da CPLP», afirmou. O Ministro dedicou a vitória de concretizar o projeto ao repto lançado pelos agricultores e agricultoras ligados às organizações da Sociedade Civil da CPLP, reunidos no Mecanismo da Sociedade Civil do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (MSC-CONSAN), repto este apoiado pelos governos dos países da Comunidade e Organizações Internacionais que, desde a primeira hora, acolheram o Programa de Cooperação para o Desenvolvimento das capacidades do Centro, apoiado pela FAO.
O Secretário Executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles, ressaltou que o Centro de Competências representa um excelente contributo para a qualificação e o avanço de competências construtivas para o desenvolvimento sustentável da comunidade: «Percorremos um longo caminho para chegar aqui hoje. Há dez anos, estamos a desenvolver iniciativas para facilitar e alargar políticas públicas inclusivas no âmbito da segurança alimentar e nutricional. São urgentes as respostas solidárias pelos diversos atores», afirmou. A presidente da ACTUAR – Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento, Júlia Alvez, destacou que a Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP assume a valorização da Agricultura Familiar como eixo estrutural para erradicar a fome e a pobreza nos países da CPLP: «A ACTUAR, enquanto secretariado técnico do MSC-CONSAN, junto com cerca de 500 organizações da sociedade civil e 15 milhões de agricultores familiares dos países da CPLP, continua disponível para contribuir para a construção de uma comunidade resiliente, sustentável, inclusiva e próspera», afirmou.
O Coordenador Sub-Regional da FAO para a África Central e Representante para Gabão e São Tomé e Príncipe, Hélder Muteia, enviou um comunicado destacando que é preciso reforçar a capacitação dos agricultores alinhada com políticas públicas para o desenvolvimento da agricultura familiar sustentável face às necessidades locais de cada país. «A FAO está disponível para continuar a apoiar a implementação deste projeto com o compromisso em assegurar a transição para a Agroecologia». Já a Oficial de Agricultura NSP/ FAO, Emma Siliprandi, afirmou que as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e a permanente pobreza rural que assola os países da CPLP são problemas que têm a sua solução nas próprias pessoas que resistem no meio rural, conservam a biodiversidade e inventam novas tecnologias para aumentar a produtividade dos nossos sistemas alimentares. «A Agroecologia alinhada a um Centro de Competências que vai promover um intercâmbio de conhecimentos é a forma mais promissora de fazer avançar de forma mais rápida e simultânea os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável», garantiu.
Os (as) participantes estenderam sua solidariedade a Timor-Leste e à Moçambique pela situação crítica em que se encontram atualmente estes países.
Histórico do Centro de Competências
A criação do CCAFS decorre da decisão tomada pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP em 2015, na sequência de solicitação apresentada pelos agricultores (as) e organizações da sociedade civil da CPLP, reunidas no Mecanismo da Sociedade Civil do CONSAN-CPLP. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) aprovou um financiamento para apoiar a criação do Centro de Competências para a Agricultura Familiar (CCAFS) a fim de promover a formação e intercâmbios de conhecimentos para o desenvolvimento de capacidades em agricultura familiar e agroecologia na região.
O Centro está sediado em São Tomé e Príncipe, localizado no Centro de Aperfeiçoamento Técnico Agropecuário (CATAP) e oferecerá cursos a todos os Estados membros da CPLP em caráter presencial e à distância, promovendo, também, intercâmbios de conhecimentos entre agricultores e quadros técnicos de São Tomé e Príncipe e de outros países da CPLP.
Primeiro Curso de Formação do CCAFS
Neste mês de abril, acontecerá o primeiro curso de Formação de Formadores em Agroecologia promovido pelo CCAFS. Esta formação acontecerá por via digital para que formandos/as de todos os países da CPLP possam participar. Em pouco mais de duas semanas, este primeiro curso já reuniu quase duas centenas de inscrições de pessoas dos vários países. O prazo para inscrições está aberto até o dia 9/4.
O Centro de Competências deverá estimular a cooperação entre os países da CPLP em prol da agricultura sustentável, da agroecologia e do acesso à alimentos saudáveis por toda a população. Pretende-se mobilizar e sensibilizar todas as comunidades de agricultores, técnicos do Ministério de Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural para a participação no processo de criação deste Centro de Competências, criando redes em parceria e uma plataforma de comunicação entre as diferentes partes interessadas neste tema.