Biossensores no controlo rápido de alimentos e bebidas
A crescente exigência dos padrões de consumo e a salvaguarda da segurança alimentar têm vindo a contribuir para a crescente procura de novos métodos analíticos que permitam o controlo da qualidade de alimentos e bebidas de forma simples e rápida em toda a cadeia de produção. A evolução da instrumentação, nomeadamente os avanços na área da microeletrónica, contribuiu para progressos significativos no domínio da Química Analítica.
No seguimento desta evolução, surgem os biossensores como alternativa viável e inovadora no controlo da qualidade alimentar. Caracterizam-se pela elevada seletividade, rapidez no tempo de resposta, baixo custo e reduzida dimensão. Atualmente são muitos os biossensores descritos na literatura científica, mas o número disponível no mercado continua a ser muito reduzido, e por isso motivo de investigação e desenvolvimento contínuo. Neste artigo, pretende-se enaltecer o papel dos biossensores no controlo dos alimentos e mostrar como podem contribuir para a segurança alimentar.
Palavras-chave: Eletroquímica, Segurança alimentar, Indústria alimentar, Contaminantes, Métodos de análise rápidos.
Atualmente, a segurança alimentar é considerada uma questão de saúde pública em todo o mundo (ONU, 2020). A crescente globalização alimentar exige, contudo, uma vigilância cada vez mais apertada dos alimentos e a divulgação de mais informação sobre alimentos seguros a uma população muito desigual na sua capacidade económica, social e cultural. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, 600 milhões de pessoas (quase 1 em cada 10) adoecem a nível mundial devido à ingestão de alimentos contaminados (FAO, 2020).
A elevada quantidade e variedade de contaminantes alimentares (por exemplo, micotoxinas, bactérias patogénicas, metais pesados, pesticidas, entre outros) que colocam em perigo a saúde humana obriga as autoridades de saúde a desenvolver regulamentos e legislação cada vez mais restritivos para a defesa do consumidor
A segurança alimentar inclui o controlo de perigos e riscos físicos, químicos e microbiológicos dos alimentos em toda a cadeia de produção. Contaminantes e produtos de degradação, mesmo em quantidades residuais, podem ser nefastos. Os alergénios são outro conjunto de compostos presentes nos alimentos que podem provocar alergias e intolerâncias alimentares.
Apesar destes problemas afetarem apenas uma pequena parte da população, as implicações na saúde podem ser graves e imediatas. Os controlos analíticos são essenciais para a monitorização, verificação e validação dos programas de segurança e qualidade alimentar. Um elevado número de métodos tem sido desenvolvido, com extensa utilização da cromatografia líquida de alta eficiência e a cromatografia gasosa, muitas vezes acopladas à espetrometria de massa. Estes métodos caracterizam-se pela elevada sensibilidade, precisão e exatidão na deteção de analitos. Em contrapartida, são métodos muito trabalhosos, demorados e que requerem equipamentos de grande dimensão, de custo elevado, e pessoal especializado (Figura 1).
É de referir, também, que na maior parte dos casos, a análise requer uma fase prévia de preparação de amostra: quanto maior complexidade apresentar a amostra, maior número de etapas são necessárias para converter a amostra bruta representativa numa forma apropriada para análise. O transporte e conservação da amostra são outros cuidados a ter em consideração para que os resultados reflitam o estado de qualidade dos alimentos (Sharma e Mutharasan, 2013; Pacheco et al., 2015; Vema et al., 2020).
Os biossensores surgem para responder a estes desafios associando ainda as vantagens de poderem ser utilizados acoplados a instrumentos portáteis de reduzida dimensão e permitirem obter informação in loco, em tempo real. Estes dispositivos permitem ainda análises rápidas com elevada sensibilidade e seletividade (Zhang et al., 2019; Lu et al., 2019; Griescge e Baeumner, 2020).
Nota de Redação
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