FacebookLinkedin

Revista TecnoAlimentar

A corrida à farinha no supermercados nacionais

Existe um notório aumento da procura de farinha em Portugal, encontrando-se o produto em falta nas grande superfíceis. Tal parece acontecer também a nível mundial. 

Farinha

Muita gente por esse mundo fora pode já ter as suas despensas completamente forradas de papel higiénico mas parece que ainda há espaço para o novo item preferido de açambarcadores: a farinha. Nos últimos tempos, supermercados e estabelecimentos comerciais de todo o mundo têm sentido grandes dificuldades em manter as suas prateleiras apetrechadas de sacos deste produto. Apesar de produtores, revendedores e a própria United Nations’ Food and Agriculture Organization (FAO) garantirem que não há falta de matéria prima, o açambarcamento — ou “compras de pânico”, como dizem nos EUA — torna a escassez inevitável.

“O novo coronavírus criou o ambiente perfeito para pôr toda a gente a fazer pão”, lê-se num artigo do Washington Post. O distanciamento social, ao ter colocado meio mundo fechado dentro em casa, sem muito para fazer (em alguns casos), fez com que passasse a haver mais tempo e atenção para dedicar a artes e ofícios que de outra forma, numa vida agitada e sem horários, não seria possível. O pão é exemplo disso.

A empresa portuguesa Cerealis diz estar a trabalhar muito mais e chama a atenção ao cuidado que é preciso dar ao setor agrícola português.

A Cerealis é um grupo português dedicado à área agroalimentar especialmente focalizado em produtos cerealíferos que em média, por ano, transforma 480 mil toneladas de cereais. Ao Observador, fonte oficial da empresa diz que nos últimos tempos têm «sentido um aumento significativo da procura de farinha de usos culinários (farinhas para consumo dentro de casa)» e que, por causa disso, têm embalado essas mesmas farinhas a um ritmo «acima do que é normal», de forma a «responder à procura dos nossos clientes». Apesar de todos os «constrangimentos e tensões» implícitos à conjuntura atual, a capacidade produtiva desta Cerealis, por enquanto, mantém-se.

É reportada uma «incrível adesão das centenas de trabalhadores do Grupo» que «diariamente» têm garantido «a descarga dos cereais, a produção, embalamento, expedição dos produtos, controlo de qualidade, implementação e controlo das medidas de higiene e segurança». Pessoal da área administrativa, por exemplo, até se tem voluntariado para ajudar nas operações. O problema — que por enquanto não existe mas pode ser uma realidade num futuro próximo –, prende-se com o fornecimento de matéria-prima base. «Não deixamos de estar fortemente preocupados», revela a mesma fonte. A exigência extra que lhes tem sido imposta exige um ritmo de trabalho pode vir a ser prejudicado se os produtores na base da cadeia não forem apoiados.

«É importante que a fileira do setor agro industrial venha a ter um tratamento, no que diz respeito às regras e exceções em vigor neste estado de emergência, similar às do setor da saúde», explica. As fortes restrições que têm sido aplicadas um pouco por toda a Europa (Portugal incluído), fazem com que a importação de matéria-prima seja mais escassa e dispendiosa por isso «a manutenção da oferta nacional de produtos alimentares é e será crucial», ressalva.

Vários supermercados portugueses confirmam a maior procura por farinha

Noutro extremo desta cadeia alimentar, no lado das grandes superfícies, todas, de um modo geral, confirmam uma procura muito maior por “bens essenciais”, entre os quais a farinha. Ao Observador a Sonae MC (do Continente) assume ter assistido “a um aumento substancial” na procura por  “todos os produtos de bens essenciais onde se incluem também as farinha de trigo” e que, por isso mesmo, têm “ativado todas as soluções” que permitem “responder positivamente a esta procura” junto dos seus parceiros de negócio. Posto isto, garantem, a cadeia de abastecimento está “assegurada com normalidade.”

O Pingo Doce também confirmou que nos últimos tempos tem assistido a um crescimento da procura de farinha —  “mas sem qualquer problema ao nível dos stocks” — e a Mercadona confirma o mesmo, tanto a parte do aumento da procura como a do mesmo assim conseguirem “reabastecer diariamente”.

FONTE: Observador